jueves, 19 de mayo de 2016

Fai calor, é meia noite, ainda vive Franco.

   A noite protege o sonho da urbe. É meia noite, dum agosto   vulcánico, á cidade da agua quente ferve pelo día e deixa um morno cansaço na noite. Nem um sopro de ar fresco,  janelas abertas, custa adormecer.  Vivo num quarto andar e estou de  ferias.  Este ano correu bem, foi duro, atrás já fica o sexto e a reválida. O tempo passa  vagarosso e desfruta-se cada minuto. Desfruta-se  tranquilo o ar sereno da noite, a inquietude dos dezasseis anos e a incereza do que será.
     
   O calor não me deixa adormecer, são três horas na noite, a janela aberta  apanha quanto ruido há. O vizinho do terceiro andar, debaixo do meu, matraquea na máquina de escrever . O fumo dos seus charutos sube até a mina habitação, cheira forte, por vezes  escuta-se o ranger da  sua tosa de fumador misturada co matraqueo  do son da máquina.  Ele é jornalista, costuma escrever de noite. Eu tenho reparado nele outras noites e tenho-o olhado  desde á rua . Tem a janela aberta, fuma, veste uma camiseta de tiras,  o seu pelo   é  ralo e desalinhado, anda por perto dos quarenta. Só olha  para o papel e a máquina, amanha acordara e terá de levar o trabalho feito na noite   o jornal para o que trabalha. Eu acostumo a lêr os seus artigos. Um día fala duma festa, outro da historia da cidade, outra duma visita do Generalísimo, outro día da procesão tão linda do Corpus Christi, outro día escreve sobre  que a equipa de futebol. Ele mistura um pouco de tudo. Eu tenho o visto  de manha,   passeando, e pela tarde acostuma ir a libraria Tanco na rua do passeio,  a rua que os  roteiros oficiais chamam de José Antonio Primo de Rivera. Eu acho que ele é comunista mas fez o papel de homem neutral ou amigo do Régimem, não sei, eu sigo a investigâ-lo e procuro nos seus artigos no jornal  frases dirigidas os  seus companheiros, palavras  em clave, senhas para alguns disidentes que andarão agochados em algures.  Penso eu  se ele é comunista porque na librería Tanco eu  tenho visto  gente que anda por lá e se comunicam emtre eles de maneira muito suspeita.Depois também tenho visto como algúns  entram o fundo na trás tenda, incluso algum profesor do meu Instituto. Eu ouvi que lá reunem-se gente que  faz  política clandestina e não está co Régimen. No entanto à policía e consciente  embora permite-o. O meu amigo jornalista vai muito pela libraría. Então  ¿ E se fose  um investigador do Regime a caçar comunistas?.  Talvez  eu esteja errado. Terei que seguir a investigar.
      
      ¿ Porque haberá  contrarios o Regime?. Numca escutei falar a nenhum, a mim Franco não me faz mal, aliás creio que Franco existiu sempre  e que o mundo se fundou com ele. Até  creio que vivirá sempre. A mina Avõa diz  ter medo do que vaia a pasar se desaparece  Franco. Tenho que saber porque há  gentes contrarias o Regime,  não compreendo.
      Numca falei co jornalista, encontramo-nos na escaleira mas nunca falamos. Ele nem repara em min, sempre anda   à presa e nervoso. Eu olho para ele e penso nos serviços secretos,nas conspirações. 
       Ja comentei isto co meu amigo Julio do curso superior. Ele conta-me  historias de gente que se reúnem e  fala-me de detenções da policia. Eu  acho que exagera que fabula comigo, e sempre  acaba por dizerme que ainda tenho muito que apreender de tudo. Isso magoa-me um pouco no entanto desfruto cas suas historias e o muito que sabe de tantas coisas. Ele diz que o ano que bem vai ir a universidade e vai ser jornalista como o vizinho do terceiro andar. Eu olho-o  e fico abraiado e assombrado. Jornalista.