jueves, 9 de junio de 2016

Rapinado na net. No quarto do hospital.



   Rapinado do blog vaievem, pela sua descripção duma situação que temos que pasar de vez em quando.


Olhar o país e o mundo a partir de um quarto de hospital, acompanhando um ente querido,  ensina a relativizar as coisas e a perceber que o que antes parecia importante  e prioritário é capaz de não ser mais do que um momento fugaz que a espuma dos dias e o ruído mediático farão desaparecer substituindo-o por outro e outros que, por sua vez,  se transformarão em novos momentos igualmente breves e fugazes.


A pequena televisão no quarto é a ligação possível com o mundo exterior a quebrar a monotonia das batas brancas e verdes que entram e saem ao ritmo das rotinas estabelecidas. No quarto do hospital o mundo fica lá longe e as notícias tornam-se banais, quase insignificantes.


No quarto do hospital descobre-se que afinal podemos parar o mundo como se ele não existisse, como se as imagens que passam no pequeno écran a que tirámos o som fossem de um outro mundo a que já pertencemos mas que deixou de interessar, simplesmente porque nada mais existe para além das fronteiras  do quarto do hospital.


Há um lado egoísta neste sentimento de que nada é mais importante do que a nossa dor, ela sim insignificante perante desgraças como as centenas de refugiados que morrem cada dia tentando fugir da guerra, da miséria e da morte.


Mas há também um lado criador no sofrimento, que nos faz descobrir ou conhecer melhor o pequeno mundo em que a dor nos encerra. Observar de perto o dia a dia de um hospital é uma experiência dolorosa mas enriquecedora. Podemos então perceber melhor o que está em causa quando fazemos opções políticas e queremos escolher o  modelo de sociedade que melhor acautele os direitos e a dignidade a que todos os seres humanos têm direito. Percebemos aí a importância do estado social e a relevância de o desenvolver e melhorar. E percebemos que temos ainda um caminho a percorrer.


No quarto do hospital os grandes assuntos do momento esfumam-se no silêncio e na meditação, como uma nesga de luz perdida na escuridão. A vida e a morte, o sofrimento e a angústia, a esperança e o desânimo ocupam o espaço e o tempo. O mundo fica lá fora, ausente das imagens que povoam as nossas cabeças….

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