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sábado, 23 de diciembre de 2023

Escrever na areia. II

 

 

Historias já contadas lá pelo 2010. 

      São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso  ou por pouco nem o vento nem a agua  acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num  rascunho    co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca  dos recordos.  

         No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada. 

 

 

A lo menos não fazia frio aquela tarde cinzenta na estação do metro do norte de Madrid. Alí fora estava Nelson a esperar pelo seu contacto, um homem preto, alto e largo , que já deveria estar aquí. Cada homem que passava estava a ser auscultado pelo Nelson co todo interesse e ânsia propios dum espião ruso na ponte de Berlím.

     Um carro vai de pressa, o seu motor funga raivoso o passar  misturado co som  do ranger dos seus pneumáticos o rabunharem  no rugoso asfalto da rua. Bordeia a rua, vira a esquerda, e enfia a toda pressa o primeiro cruzamento. Era um Honda Accord quase seguro, achou o Nelson, o vê-lo passar.  Uma mulher  de meia idade veio e perguntou-lhe se savia por onde se ia para a Rua da Castellana, ele dixo-lhe com meia sorrisa e uma olhada indagadora  não saber  pois não   era de  Madrid, engadindo para aparentar confiança que era do norte, que assim  a forma genérica  de como os madrilenhos chamam  os de lá acima de Castela, tanto sejam vascos, galegos, asturianos ou incluso de Burgos.  Ainda que ese norte seja moi grande  na Espanha  e moi diverso  dum lugar  a outro. A policia apareceu. Dous policias andam pelos arredores de forma descontraida e vagarosa, lenta e pachorrenta. Estão a a fazer o seu servizo de rutina. A  ele não lhe preocuvava a sua presença, pois se realmente a policia estava a segui-lo não sería estes uniformados de rua. o seu expediente de existir andaría noutros patamares jerárquicos mais elevados.  Se tivessem provas já estaria detido, não sería suspeito não, estaria  a ser  um arguido mais em maus dum juiz  importante, porque não o juiz  Garzón. Estaria asegurado o manchetes dos melhores jornais de Madrid. 

     Em Vigo  na Rúa Garcia Barbón no numero dous, no segundo andar há um gabinete que na entrada está marcado com um cartaz que di:   empresa de  aquecemento, o que no antigo galego e no espanhol se chamava as calefacions e fontaneria . em gabinete pequeño, de empresa pequena, a porta estava quase aberta e dentro via-se uma mulher-a-dias limpando o pó e arrumando o local, ela tinha posta música  no radio-cassete, estava a soar uma cançom de  Status Quo ,  it`s in army now, di o título mais ou menos. Naquele gabinete , foi publicado no jornal da cidade o Faro de Vigo, foi encontrada morta uma mulher de vinte e cinco anos de nacionalidade americana. Não se davam mais datos dela.  Valupi pelas suas investigações,grazas a um amigo que trabalhava co forense soupo que ela era de essa idade, morena pelo preto, bela, e  tinha como destaque na sua face que  os seus olhos eram pretos moi fortes, era o que se di uma beleza iraniana, as suas formas eram de pessoa árabe. Não se deram mais informacões sobre ela. O seu amigo dir-lhe-á   um pouco mais tarde que da documentação que retirou a policia ele pude olhar um cartão especial indicativo da secretaria de Estado dos Estados unidos. Valupi agradeçeu a informaçao o colega, e o mesmo tempo engadiu que  se calhar não era importante, que para ele era um dado geral que talvez não tivera nenhuma ligação coa  malta na que estava a procurar informação. Coisas que se dizem mas não foi este o auténtico pensamento que rodou pela testa de Val.

       Por fim em Madrid, na porta de metro de Velazquez, Nelson  receve o menssagem. Um homem que vendía lotaria vem perto dele, e vai dizindo o de "mañana toca"

   -  Quiere comprar señor, "mañana toca", con tom de voz moi alto e  arrastrando e recalcando as "a" de mañana. 

      E num momento que Nelson nem imaginava o vendedor acercou-se e sem mirâlo diz de pressa e na lingua galega:  

     -"Amanha de manha há festa no pradal", todo dito de seguido  quase misturado coa sonoridade do seu anúncio publicitario de venda de lotaria. 

      Nelson abandonou o seu lugar naquela  saída  do metro, segiu pela rua virou a direita, subiu pelas escadas  que vão dar a  a uma pequena rua e alí apanhou  o seu carro, um  Seat  Leon. Apanhou o telemovel e ligou com Valupi.

-        Hei Val, a sinhal foi dada. Tudo está combinado , "esta meia noite estarei lá",  nas carbalheiras da lua.  O que quería dizer que aquela noite estaria  co senhor Fernández para recever o material.

-        Até logo

Val só respondeu,

   -"Brua moito vento", até logo. 

      As suas suspeitas de serem escoitados por controlo dos seus telefones fazia-lhes tomar as máximas precauções.

    Era a frase combinada para dizer que o assunto foi compreendido. Val era moi professional.   O Nelssom ficou zangado, por falar como falou pelo telemovel. Não faz falta dar  nomes, dar explicações, ainda que  Val o fizera a vezes não é causa para atuar assim. Porque o  fez?, não sei,  ele numca tivera a certeza  de serem certas as escutas tão modernas a os telemoveis, aliás o Val lhe dixera moitas vezes  que hoje tudo está a ser escutado e gravado. Ele não acreditava de verdade nisso. Nelsson sempre achava um pouco brincadeira e exagero de “profesional” todas estas cousas . As pessoas adicanse a moitas coisas, têm moito pra fazer,  porquê vão a estar a procurar a nossa informação?. Porém , por vezes,  duvidava de tudo. Ainda assim  ficava impresionado e asustado quando ouvia  dizer no jornal que alguns  os políticos estão ou forom gavados, pela polçicia,  em conversas nas que pediam ou receviam dinheiro ou regalos em claros casos de corrupção.   Que chatice para eles o  ouvirem-se gravados.   E agora está recordar o Val de pé  indo dalá para cá na sala e  narrando-lhe coa paixão  da que ele era muito capaz, a hestoria da máfia siciliana e de Toto Rina o Capo di capi, o que movia os fios todos da máfia. 

     Este homem, Toto Rina,  que esteve desaparecido perante vinte anos e a polícia ja dava por morto, ficava numa aldeia de  Sicilia, onde chegou um dia a polícia  grazas a paciência para conseguirem os  dados que perante muito tempo forom  xuntando. Quando chegarom a aldeia onde ele estava, toparom-se com uma  casa velha, sem luz, sem agua. A casa propia dum labrego miserável a quem a vida deixou abandonado esem sorriso, abofé. E assim foi, alí atopam a Toto Rina, comprovam que  é ele aquele camponês suxo e velho, e vão ainda levare mais surpressas. Naquela casa há um sistema de ficheiros postos numas caixinhas, e dentro há uns pequenos cartazes ordeados por orde alfabetica e tambem há uma Biblia. A policia olha a casa, o velho e  di ,  que  é isto?,  pra  que nos vale e que nos di?.  O caso é que aprenderom o camponês suspeito , carregarom o material e estiverom a pensar  e a ligar dados dum lado e mais do outro, até que um dia chegarom a conclusão de que dende aquel predio cheio de tralha velha, onde o res do chão morava aquele velhote que  creiam desaparecido e que era um dos capos mais buscados pelas forças de segurança não só italianas senão tambem de tuda Europa, dende alí estava-se a dirigir a organiçação  criminoso mais grande e melhor do mundo, e fazia-o dende alí mesmo aquele velho camponês.

     Ele olhava o teito o lado olha-va para nos os seus alunos, fazia silenzos, a sua tramolha o seu teatro era lindo, nos tudos estavamos  de boca aberta espeitantes na palabra que sairia de aquele sabio. Ficavamos a espera como era posível e porque  o grande capo di capi era aquele, como conseguiu, era atractivo a narraçao.

        De facto, Nelson quando ia conduzindo o carro pelas ruas de Madrid, ia pensado nos tema das escutas, mesmamente estes dias os jornais da capital  e as radios aliás as televisãos, estavan a falar  de o governo ter um novo sistema de escutas muito moderno que apanhava dende telemoveis até correios electronicos e todo tipo de comunicação pela internete. O partido da oposiçao acussa o governo de  espia-lo cos sistemas istes ditos. Assim quer voltar por terra as investigações feitas que deram na cadea e arguidos e suspeitos  individuos acussados de corrupção e que políticamente deixavam o partido en mau posto de face o eleitorado. Estava também a lembrar que em Portugal, estava en causa  o o chamado caso da “face oculta” que grazas o sistema das escutas  feitas a um suspeito de corrupçao foram feitas escutas nas que o tal arguido falava co primeiro ministro o ingenheiro Socrates. As informaçoes dizem que a conversa emtre Armando Vara, tal e o nome do arguido, e  o Socrates não  pôe em causa nada comtra o Primeiro Ministro, mas isso foi aproveitado  e ainda que o Tribunal Supremo deu ordem de que essa  conversa fosse destruida, não foi assim . Porém estava a ser utilizada tal gravação para soltar tinta  pela sua incertidume. O caso , pensou Nelsom, e que nos tempos que estão a correr está todo posto baixo escuta do  governo. Jamais  foi feito tanto control do cidadão como neste momento. Eis o problema, e se eles estiverão também  a ser escutados; se por acaso,  houver alguma suspeita sob algúm  membro da sua equipa, se  o seu telefone estivesse sometido a controlo e a polícia soupesse todo desta operação?. Todo é possivel, mas nesta vida todo  o que  tem valor tem risco. 

      A bucha é dura mais dura é a ração que a sustem, dizia o Zeca em venham mais cinco, e assim é a vida pelo geral. Tudo está a correr bem, não vou pensar doutra maneira, acho que tudo ficara resolto em pouco tempo, e recordou mais uma vez as frases do Zeca Afonso:  a gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei,  mas a quem queira tirar abaixo o que eu levantei. Seguía a correr pelas ruas de Madrid, o carro ia pela gran vía, descer-a-ele até a Praza de Espanha e  dalí chegara a  Casa de Campo  para alí  rematar o encargo feito pelo Valupi. 

  A noite era crara, fazia frio, o ceio estava cheio de estrelas e coverto por um garda-chuvas de friaxe que chegava até o chapapote da estrada  e convertia-se num fino manto de agua,  como se  houvera chovido. Estava-se a deitar naquele planalto  uma forte giada, embora  a cidade aquecia como podia e devolvía vómitos de fume contra aquele pesadelo de geo que caia do ceio.

Escrever na areia.

 


Historias já contadas lá pelo 2010. 

      São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso  ou por pouco nem o vento nem a agua  acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num  rascunho    co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca  dos recordos. 

                    No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada. 

 



   No afganistão um bombista  matou a duas centas pessoas. Na sexta e trece vão fazer  a festa das bruxas en Montalegre. O Papa esta a  gravar un disco, de música sacra, ora essa. En Europa estão a  nomear as pessoas que vão fazer a liderança política da Europa nos proximos anos, serão o presidente do conselho de ministros, como primeira autoridade e o representante da Segurança e representante o exterior da Europa. Obama anda pela  China. Um  barco espanhol  foi retido por piratas da Somalia mais tarde forom liberados os dezaseis refens, tudos estão vivos, os piratas apanharom um bom saco de dinheiro. Tudo esto está a correr no mundo o seu rumo habitual  e o Nelson  anda  na busca duma mulher preta de raça africana, misturada emtre as prostituas diste continente que estão a passar esta fria noite na Casa de Campo en Madrid, um lugar concorrido pelos gajos e as raparigas que estão a fazer o oficio mais antigo do mundo como assim é chamado. Abonda as pessoas que estão adicadas a isto, os tempos são muito bons para o negócio.A emigração sempre foi uma boa fornecedera da  oferta e  a demanda existiu sempre, agora e dantes. Quando o Nelson anda por Madrid sabe bem que na  Casa de Campo vai encontrar a bem seguro todo o que procure.  Um Carrosel de carros co seu ruxe ruxe a dar voltas  pelos arredores, o tempo que mulheres negras, brancas ou de calquer cor azanam coas maus, o tempo que sorrim e se monstram os gajos que dende os carros percebem as variadas misturas de beleza e  morbo.

    No Barroso, no límite coa Galiza, o monte não faz distinção de nações. O Larouco xuntase co ceo nesta noite crara. Se olhamos  dende o Barroso português, vemos que  uma parte da montanha  deita para Espanha e a outra para Portugal . Dende aquí além de ver Padornelo e Montealegre  estamos  a ver tambem Vilar de perdizes  e mais outras freguesias que não recordo o seu nome. O Larouco visto dende esta beira é coma uma parede, é bravo e erguese altivo, visto dende o lado de Baltar   figura-se mais tranquilo, vai ascendendo  pouco a pouco até chegar  alto.Semelha ser uma patria, um pais ignoto, um  mundo o que se está a ver. A sua maneira  de estar invita a visitâ-lo, a vê-lo por dentro, fâ-lo e ficas bem, eu fê-lo muitas vezes. Há um mundo novo o vieres. Ambolos dous lados do  monte juntam-se numa chaira muito grande, a chamada veiga, que se intue mais não se pereceve dende nehum  dos vales, do de o cavado e dende o limia. Porque  o Larouco vai caindo dende a veiga para o seu oeste, para Portugal, fazendo uma pequena curva, segindo a delimitar as duas fronteiras, e num momento cai, fendese na chaira, desce pouco a pouco e  aparece uma janelam. Esa janela foi aproveitada para fazer a porta de entrada, de fronteira emtre as duas partes, e da tal janela nascem dous vales, um para cada lado. Dois vales pelos quais farão o seu percurso dous rios bem conhecidos: o Cávado para portugal e o Limia para Espanha e que ficara também en Portugal. Os dois nascem juntos, e cada um vai para seu lado, o Limia vaixa pela Roussia e o chegar a chaira da Limia recebe o rio de Sarreaus e segue morno, largo mais com pouco agua como durmindo a sesta  pela vila de Xinzo, uma vez que da lá vai-se , esperta um pouco e começa o trilho de seguer a baixar e a colher aguas  dos montes que vão dar a limia, e  a fazerse um rio adulto pouco a pouco, cada vez mais até chegar a Viana do Castelo, fazendo antes um paso  por Bande, Muiños, e crianao a vila de ponte da lima, depois de fazer o   barragem de lindoso na fregjuesia de Lindoso. O seu irmão o cavado que da janela do larouco partiu também , faz um percurso mais curto, sai feito uma criança da janela do larouco,  baixa rapido até montealegre, onde se fornece, preparese, para sair com força até chegar o mar, ambolos dous vão demde o Larouco ao mar, fazendo dous bons percursos. Aquí neste fermoso lugar vai-se também fazer parte da nossa hestoria, niste lugar perdido no mundo.

   Niste tempo de inverno, o Larouco cria para ambo-las duas beiras suas uma chuvia fina, que vai baixando como nevoa até os vales, e deixa uma friaxe no ambente, a sua cima quase que neste tempada está sempre cheia de  nevoeiros, a metade do seu cumio está cuberto,  os seus habitantes tanto do lado barosão como do val do limia no concello de Baltar estão acostumados . Também do lado sur do larouco, não dixemos que faz o larouco parede sob uns quantos povos  e freguesias de zona espanhola tales como medeiros, san milhão, a pedrosa, e seguindo até o barroso muitos outros, isso sim esta zona é uma zona mais quente, o larouco faz-lhe parede comtra o ar do norte, e isso  dalhes um agarimo e acrescenta o aquecemento que lhes da o primeiro sol do día quando nasce polo leste e peta comtra a parede sur do larouco. Até cá se da vinho, e froitas variadas, e pois um pouco mais quente que  no val  norte que se olha dede a cima do larouco. O larouco é moi rido en aguas , a sua chaira , a veiga, que na sua cimeira cobre faz de esponxa para que sea a filtração de agua  nessa  grande terra.E assim são varias as fontes  que nascen nele e vertem todo o ano a sua agua cara o val de Baltar, e que o fão pelo seu grandes regatas, ou pequenos rios que vão verter o limia que  faz percursso polo val.  Faisse destaque emtre as regatas ou regueiras, que é como assim é chamada pelas gentes do lugar, a regueira dos cavalos, e aregueira de forcadas. As duas tenhem todo ano agua que nas época de chuva vaixa a cachón  e com força  desprendensose por toda a serra até o val.

          Miguel Antón Valencia, nasceu por estas terras do val  do limia, numa freguesia do concelho de Baltar. E filho de solteira, a sua mãe ficou prenhada con dezasete anos. Ela era pastora de cabras e ouvelhas no monte do Larouco e nos seus arredores. Com os rebanhos ela ia moitas vezes ate a cima do monte. A cabra e animal muito bravo, não se conforma cos pastos brandos da chaira, e sempre quer ir o mais arriscado e subir  e explorar. A cabra vai-te levar sempre a zoa mais dura do percurso que estes a fazer. Se há um penedo alto a cabra mais valente vai fazer tudo o posivel por trepar penedo acima a comer o brote que sai numa esquina do penedo. Ela vai tentar de trepar o alto dum pino novo, para tentar comer-lhe a casaca tenra e verde, ainda que por baixo dela houver uma herba  branda e verde que acho que nos apanhariamos para dar-lha como se dum premio se tratara. Anuncia , chamava-se assim , esta boa rapaza, seguia o cainho das cabras para  acima do larouco muitos dos días. Era jovem, fuxia do pobo e da gente que via a diario, o caminhar gostava de sonhos e pensamentos  do que ela poderia fazer alguma vez. Isso era o que mais gostava ela, o melhor era quase capaz de estar duas ou mais horas imaxinando e falando para si. O trabalho permetia-lhe tal coisa, as cabras eram felizes, seguiam e seguiam a comer e a caminhar, o seu mundo era um mundo tranquilo. Uma manhã  na primavera, cedo, quando o sol está  ja posto e aquecendo a terra e  a fraga toda, ela ja levaba andado a metade da  serra ia  a desfrutar dum dia no  acima, na veiga, onde o gando gostava de comer e beber, e ela gostava de estar porque dende alí via pequeño o val, procurar olhar tudas as freguesias, os caminhos, o rio, pena que não poidesse ver também o val do sur e o de Montealegre, do cávado, mas para isso teria que  percorrer toda a veiga e asomarse o balcão que da o sur.

   Quando anuncia chegou lá , a veiga, ja alá ao lonxe viase mais gando, e gente.

-        Ora, como fai bom tempo , tambem subiram para cá os marotos, ou seram da parte da Xironda , que era outros dos pobos para onde descer do Larouco. Se calhar são de Vilar de perdizes, recordou que se fossem da Xironda  estariam mais perto diste lado onde agora chegou ela, mas istes estão mais ao longe. Alías, recordou, que ainda que  cada quem andava por onde podía na veiga, ultimamente os guardinhas  e ainda também a Guardia Civil tinham feito vixilancia de que  se cumprira cos límites de fronteira que  dividem a veiga en duas partes, uma espanhola e outra portuguesa. Iste afastado lugar e que so está o ceu e nos quando estamos no meio dela, está também repartido.

De facto, lá estabam cada cen metros umas grandes anteiras bem feitas e labradas que pela sua face norte tinham posta uma E e pela sur uma P. Sem duvida  com isso só sabemos bem o que elas quiser dizer.

-Aquela gente que ao longe se via ,  ficava por detrás  da P. Eram sem duvida dalguma das freguesias que ficavam na baixa da face sur do larouco.  Podiam ser de Vilar, ou doutros pobos que por la ficam.

   O sol na veiga aquece moito, nesta chaira cheia de herba e na que não ha arbores, o frío do inverno não deixa que eles crescam muito. Mas a terra humida, as charcas e a herba fazem que isto não seja um sequeiro ou o deserto, e as cabras saberão procurar as partes humidas para beber, anque iste animal tanto lhe da por vezes, ja que de caste lhe vem que a cabras no deserto, na chaira fria, e nas montanhas nevadas dl Tibert por  pôr um ejemplo. Passado um tempo ela foi conduzindo miudinho  o seu exercito até onde estava o que vira o chegar, e o mesmo semelhava estavam a fazer os primeiros poboadores da veiga. O encontro iase a produzir en algum momento, cada vez se olhavam um pouco mais istes polos opostos que como se fossem  duas constelacions ianse juntando. Os cães ladravam  de um lado e do outro. Não se savia se o faziam por ter medo comtra o lobo, por movimentar as suas cabras ou porque uns e os outros  estavam a falarse daquela maneira que eles o fazem, e como eles são sabendo que os seus donos  parecem querer chegar a um encontro.

      Quando os  tempos foram chegados a isso do meio dia, a hora do almoço, vieram a uma distância que ja se podiam olhar bem, ja se podia fazer distingos de pessoas. Anuncia viu a um homem, jovem semelhava e sentiu que tambem ela fora vista por ele.  Os dous iam fazer porque o encontro fosse possivel. Estavam o sol, a chaira da veiga e eles os dous cada um com um exército igual : fariam um encontro.

    Os dias foram passando, os nevoeiros  a deterreterse, sol-pores, por do sol, um vir lá e cá, os dias cos seus fazeres , tudo ia transcurrindo sem descanso naquel mundo do Larouco, do Barroso, do vale de Baltar, da Boullosa, da beira que da a Xironda, de Sandim a  freguesia que está o rematar o Larouco e dende uma altura da que se vê Montalegre e o seu  grandioso castelo, que olha para baixo a ver o Cávado, mansinho ele até deixar Montalegre.

A roussia trae no inverno chuvieiras, o Larouco apartires de outubro por vezes está cuberto dum manto branco, que  vai baixando até os vales , ya seja pela beira de Baltar, pela Beira de Xironda e Vilar  de perdizes, e também para a beira de Sandim. O tempo é normalmente frío pela zona nesta datas, a humidade também.  Falar da roussia para os vecinhos das zonas é falar de frio no inverno.

    A margem do Limia, no vale debaixo da roussia monte está o pobo ja desaparecido de Roussia. Na baixa lá está perto do río. Sem duvida foi abandonado ja há muitos anos pelos seus habitantes porque as condiciões de vida  pelo clima não eram muito boas. Virado o norte tem de costas o monte da Roussia , o sol ja pouco no inverno não lhe da com forza no nacente, e o sol forte do meio dia está tapado pelo larouco, a humidade que se fazia lá era muita, e coas condições de frio e humidade os seus habitantes apanhavam muitas doençias  que fazia muito dificultosa a sua vida ja de por sim muito dificil. Ainda  hoje em dia estam  restos de construção do pobo. La ficam as suas antigas moradias, pradairos, ruas, prazas, numa pequena aldeia com o seu monte para o gando e os seus pradairos que noutro tempo seríam hortas, lameiros, nabais, leiras de centeo. Tuda uma vida  que desapareceu como o faram tantas aldeias galegas porque os tempos são assim, dentro de  quarenta anos seremos  um milhão de galegos menos. O que não achei na aldeia da roussia foram restos de igrejas ou capelas, aliás o mato cubriu tudo de tal maneira que  não é possivel achar nada, pudera ser que foram tidos por infeis, e as susas enfermidades foram vistas como causa delas a sua falta de fe. É suspeito ou brincadeira minha, é um dizer, não há nada  para sustentarmos tal dito, mas acho que se calhar seria um bom  ponto de aranque para um qualqujer escritor falto de ideias , como posso ser eu.

    Os nosos amigos, o barrsõe  mais a galega Anuncia, haveriam de viver, depois diste primeiro encontro, momentos de verdadeiro namoro, sempre no alto do Larouco, pois na sua despedida um  baixava de costas o outro , cadaquem para o seu patamar , um par o val de Baltar  e o outro para Sandim.

   Cada um deles pertezia a paises diferentes, um era espanhol e o outro era Português. Os paises existem e eles tenhem fronteiras, em algum sitio haverá que pô-las. A fronteira é uma raia, uma linha que vai dibuxado no ar,e que di  que a terra está dividia em dous, mas as terras são iguais, porém esa linha terá muita importancia. E  tê-na ainda mais hoje em que ha uma ditadura , melhor dito duas ditaduras uma em Portugal e outra na  Espanha. A de Espanha e mais dura e menos dita que a de Portugal. A de Espanha veio depois duma guerra civil, ou incivil, depois de forte morte e repressão. Este montes, e carreiros conhecem muito bem  o passo e fugida de homens para as beiras e greguesias do barroso. Ë precisso fugirmos quando não há tempo para falar e podermos chegar à acordos co inimigo, co que tem a forza. A vida está em causa, seja como for,   do grau de suspeito vem o de morto, não ha tempo para sermos arguidos,  e não vão fazermos juizo de contradição, não a contradição chamase espingardas mauser e pistolas luger alemães que com os seus canos a botar lume pelas noites falam e enchem as beiraruas de  corpos que ficarão por sempre lá .   Tudo isso passouse por cá , e lá acojeusse  a tudo o que fui possivel. Os dous  pastores viram de tudo quando eram miudos, e ouviram lendas e hestorias que ha passaram, mais ficaram na sua memoria.

Na Habana, na Habana velha, no malecom, está a soar uma cançom de silvio rodrigues, o tenro  en letra e música, fala dos namorios da vida, da sensibilidade das pessoas. O mar e cálido coma sempre por estas terras, a xente caminha com o lento andarilho de Cuba, cadaquem anda no seu trilho, tudos e cada um vão cos afans da cada día na procura duma vida melhor.  Sejam que forem eles, são pessoas, a viverem  nesta parte do mundo porque assim lhes tocou a vida, nem bo nem mau, se calhar eles são tão felizes como os que nos achamos como aqueles que a sua vida e uma risa grande.

Em quaisquer parte do mundo pasase qualqur coisa, mas neste parte do nosso mundo semelha não passar nada. Vai e vem o tempo, veio o verão e e fugiu a primavera, vieram os amigos com as suas crianças, vieram da cidade onde eles moram e ficam todo o ano, vieram para vêr a nova luz do  ano, para recordarem os tempos grandes de quando  serem miudos. Eles ja não moram aquí, mas eles, queiram que não  hão ficarem aquí sempre, qualquer coisa haberá que não se saberá exprimer que fâ-los-a pensar que  o ar da Roussia, do Barroso, de Tras-os-Montes, do Larouco, esta a correr por eles, e em tudas partes serão reconhecidos como barrosões, galegos arraianos, trasmontanos, e eles olharam para aqueles que vêm nas capitales galegas ou espanholas, onde eles ficaram para comer, ou procurar a vida nova. Quando eles se olharem, uma pequena luz fara vêr por alguma coisa que , como ja foi dito não exprimer sei, e o que os espanhois chamam “um punto”, um ar, uma seelhanza. Isso não é proprio so  destas terras, em tudo o mundo se da tal questão, sim mas o mundo de cada um é o que é.

   Tudo isto e dito para compreender como dous dos nossos protagonistas por mor dese ar da sua terra, vão a encontrarse sem conhecer-se, mas o mundo tão cheo de gentes de um lado para o outro por vezes faissenos  nosso, pequeno , controlavel, coisas da vida que a vida nos da.

Porém iste mundo esta também cheio de pulhice e bacoradas, o homem mas semelha ser hostil que amigo moitas das vezes.

Nos Estados Unidos há um presidente negro. Chamase Obama. E novo, e uma nova estampa para a política.

 

 

As nossas palavras.

 

  Tens de estar fechado. No quarto, na secretaria,no trasteiro, longe do barulho da cocinha e da Televisão, e mergulharte no silêncio. Só escutando  silêncio. Co silêncio que fala. Co silêncio amigo. Assim  tu, eu,   á soidade,  juntos tentaremos de fazer-nos ouvir a través da  escrita, na cavilosa escritura. Escrever é colocar no seu lugar as palavras que trapalejam pelos nossos pensamentos. Apanhá-las quando elas andam à solta, esparexidas pela cabeça adiante e arruma-las, para que o  juntarem-se umas  coas outras falem por nós. O jeitinho de escrever  e  darl-lhe uma organizaçao para que umas pedam por outras, todas ordeadas  se sitam cómodas  juntas assim soem como  música. Os olhos do leitor devem esbarrar com ânsia pela folha  de papel  em baixo  porque as palavras están ordenadas numa cadeia que umas levam as outras e parecem uma sinfonia feita entre fondo e forma.  É importante o fondo ou a mensagem do que se quer transmitir, mas sem esa arte de uma escrita suave, tenra e fácil  a mensagem e o fondo do que queremos transmitir, chegam os ouvidos atrapalhados e a berros que acabam cansando a nossa atenção. Se a escrita é fluida atrapa o leitor pra que  não se escape.

Cada palavra esta prenhada de vida e história. Elas são as que falam por se mesmo dentro de cada uma há uma historia, de como xurdiu, como evolui, de onde veu, que fins cumpriu no tráfico humano.  Todas tiverom  a sua utilidade, e tal vez forom perdendo-a co paso do tempo, se numca houvessem sido úteis não hoveeram existido.  Eis o  misterio e o significado que para mim sinto nas palavras. 

Por vezes elas são como amigas que aparecem. Outras venhem de novo, são novas, numca em nós estiverom, nalgum lugar se disseram ou são felizmente ditas e o escritor  ou por um acaso um galegoo ou um  português que estamos a olhar na televisão trai-no-las como  batels que a porto  chegam. Elas foram apanhadas  do mundo das palavras como se das ideias de platão se falasse.

Também  outras aparecem e vão como um feitizo. Chegam com emoção, elas ja cá estiverom, nossas foram, embora emigrarom e agora deitam-se por cá e fizerom o seu retorno. Estas são as mais queridas. Elas estiverom na fala do avó, do pai, dos falares componeses, da escola, da feira, do gando no  monte. Elas ficarom longo tempo no imaginario na caixa do bom querer. Embora o tempo, a longa data da vida, desta vida tão movimentada,  fez tudo que elas, sem elas terem tal desejo, desaparecessem de nós,  foram esparexidas no ar , ficaram na soidade, com sorte ficaram quietas nos livros , embora sempre à nossa  espera. Com elas tambem espareximos parte da nossa vida, vivida, da experiença e do ser. Por isso quando chegam e são reconhecidas, a alegría e muita. São tantas estas. Quando chegam um toma aponte delas, recorda-as, e acha que  numca mais vão ir-se do nosso caron. Não é facil. Para não ficarem sozinhas há que garda-las, escreve-las, recorda-las. Elas  tiverom que sair da rua que é o seu lugar de vida, agora ficam nalgum campo lonxano,na literatura, e sob de tudo na lingua portuguesa. É sorte para um pai saber que o seu filho teve que emigrar, embora sabe onde está, pode visitâ-lo, sabe que  esta bem, que  está na sua casa.

A minha mãe e o melhor garda palavras que eu conheci. Uma mulher sem estudios nem leituras, filha do aprendizagem da rua, da lareira, do convivio diario duma campensinha galega.  Ela aprendeu-as e gardaou-nas e  tenas todas consigo. Ela parece ter uma saco delas e de forma supresiva saca alguma que outra bem antiga e sonora que nos deixa asombrados. E pode dizer-me que tem uma pechincha, ou que  estou a estrajar-me quando malho  o meu corpo trabalhando de mais e  suando. Ela é o melhor filólogo que conheci, ela é a garda das palavras que viviu e que nos transmitiu.

Queridas palavras que tão olvidadas  vos tenho, um recordo para vos: 

Tanguer, ulir, petares, temoeiro, caviloso, arrousar, rozar, estercar, gralha….. rula , avidueiro, azedume……aldraba, refachos, arfantes,

lunes, 18 de septiembre de 2023

O asassinato do chofer da "Línea". (IV)

 OURENSE | Page 260 | Skyscraper City Forum no capítulo anterior. 

capiítulo I, Capítulo II, Capitúlo III, Documento  I. 

       Madrid 1986.

"                 

      Capitulo IV       

     Encontro co capitám.

O tempo foi pasando, contado en anos já são vinte e dous dende aqueles recordos da morte do chofer da línea. Aqueles recordos já os deixei escritos aquí como se de  um  tempo contado se tratasse. Pois aqueles feitos tão vividos por mim forom  um estrondo naquela placidez diaria do mundo rural pleno dos anos sesenta. Ainda estava vivo um modo de vida secular e ninguém ainda intuia que em poucos anos iamos deixar atrás vestigios, costumes, modos de vida que  pouco deverom mudar  de épocas ancestrais quase medievais.  Já passaram vinte anos daquela, sim, mas dende então anduvem sempre coa teima e o recordó de saber mais daquele assasinato do chofer do Autoindustrial  Ourense-Baltar e vice-versa. A vida adolescente e juvenil não é a mais ajeitada para andar nas pesquisas de algo que passou lá num momento afastado e lonxano. Dende aquela forom moitas as experiéncias de vida,o aprendizagem o desenrolo persoal, mas ainda que me formei num mundo moi diferente nunca deixei no olvido aquele recuncho abeirado o Norte do  Larouco e deitado num vale entalado emtre duas serras, onde  numca  parecía que passava nada. Sempre creim na frase que alguem dixo alguma vez: a patria é a infância. Eu nunca olvidei aquele mundo de ruas de lama, casas frías, lareiras quentes,vacas,porcos  ouvelhas e cabras como companheiros de vida. Sempre tentei de manter um racional recordó daquele mundo no que passavam mais cousas das que qualquer puder imaginar. Aquilo era um mundo em si mesmo.

  As aldeias cercanas que compunham o concelho estavam repletas de gente, nos caminhos e carreiros sempre ia ou vinha alguém. A serra alta e fria era um lugar muito comúm, tanto para os que trabalhavam na plantação de pinos, no persoal  da Garderia Forestal do Estado, além dos que andavam o carvão, a lenha, no pastoreo imenso de cabras e ovelhas. O  territorio estava quase  todo domado e maçado pelo homo-agricola, o que vem sendo o nosso labrego  de toda a vida. A pegada dos humanos estava por toda parte até fazerem incluso  que as feras andarem a fugida e os seus acubilhos não eram seguros. A multitude secular de nomes que se estendem por qualquer espaço rural galego da  mostra crara do dominio e controlo total da terra, já fossem touças, searas, montes, serras, nabais, pradairos, lameiros, cabazais, hortas, carvalheiras, fragas, soutos, terras ermas e terras ricas. Todo está compartilhado em nomes de pequenos territorios, que se superponhem em pequenas dimensões. Poucos povos no  mundo tenhem uma relação tão personalizada coa terra como a Galiza.   Neste aparente ambente bucólico a ordem estava garantida, naquela sociedade estruturada dende séculos entorno o poder da terra. A familia coa sua tradição de orde e trabalho, a religião comandada por uma figura fundamental que era o cura, a Garda civil  constante na vixilancia   da orde e a moral, os mestres nas escolas, todos contribuiam a embrulhar aquela comunidade num sossego de ordem, aparêrencia de tranquilidade social  e austeridade. Todo assentado no  duro e intenso trabalho agrícola do familia galega labrega,  o príncipio de vida e  “leitmotiv” cotiam. Aquí não eram a espada e o altar os alicerces de sustentação social da Espanha daquela altura. em troques da espada,  a terra dava o co poder, o seu lavouro  era o resumo moral e  a ideoloxía dominante. A terra em maõs de pequenos propietarios, quitando alguma excepção,  atados a propiedade,  no que mesmo parecia cumprer-se o paradigma  de Max Weber na relação paradoxal entre serem propietarios duma terra que da o xusto pra comerem  e serem o mesmo tempo escravos dessa sua propiedade. Ou seja uma dualidade emtre propietario e escravo. Tampouco sei se isto é tal qual, embora um bom parecido  tem, ainda que poda ser de verdade ou não. Nos meus caixos, e nas minhas malas sempre me fixerom companhia os cadernos nos que começei o relato e que ia perfecionado co tempo.  Escritos que o tempo ia moldeando em quanto a forma da escrita, mas em quanto o conteudo ou nova materia informativa ou escalrecedora do feito, pouco ou nada consegui que acrescentasse as primeiras impresões, já expostas. A memoria não deu mais de sim. E tampouco se tratava de fazer fição, ou mentira de algo vivido.  Nem no  povo o escoitar a gente e na casa familiar,  nos anos posteriores já não volvím a escoitar nada mais que fosse interessante o respeito. Sempre há no mundo rural uma grande facilidade para manterem os  segredos e oscurecer da fala todo aquilo do que não interessa falar. Num assasinato daquela maneira tão as claras e tão violento, sempre deixa uma suspeita de arrepio na gentinha, que mantem a máxima de que caladinhos vamos melhor. Numca partilhei moito esta forma de ser, será porque eu não estou de verdade fundido lá no ventre da autenticidade rural. Como digo não consegui mais informação porque, também é verdade que uma vez iniciada a vida de estudante, perdím contato com aquela vida de aldeia e cos meus país falava por meio das cartas que de vez em quando nos remitíamos, ainda vivíamos na sociedad epistolar. Só ia quince días no verão de vacações e apenas catro días no nadal, a semana Santa, obviamente naquela altura, estava destinhada a Deus e a meditação da nossa crueldade co seu filho Jesus o nosso redentor. O desexo de escrever algo como se fossem  umas memorias ou recordos de todo aquilo andivo-me rondando sempre e cando a inspiração pedia realidade pois andava eu narrando o que podía de rascunho em rascunho.  Naquelas clases de literatura espanhola da adolescencia onde se nos pedíam redações e se nos ensinava a usar as metáforas a pulir o nosso léxico e os galegos a abrir a pronuncia das rudas vogais abertas castelhanas, ouvindo o "soniquete" de "vocalice, vocalice", estragando-nos o musical falar das variadas e sonoras vogais galegas. Pois bem além do comentario paixoal o caso e que era o aprender a escreveer um dos campos que os nossos profesores mais punham em valor na nossa preparação. E tudo isso de acadar um certo  estilo literario  conseguia tirar  tirar de nós  o desexo  de,  algún día,  termos habilidades de escritor de historias e de saber trasmitir os demais as tuas propias imaginacions ou fazer da realidade um filme que se poda contar. Eu sempre tive a teima de , no caso de escrever alguma vez algo deveria, ser em primeiro lugar , a historia dum assasinato que eu presenciara e que tinha o dever e o dereito  de poder contar. Eu que fora protagonista  naquela historia, ainda que ningúem lhe dera importancia a minha presença,  nem relevancia a todo o que eu fum investigando . O tempo do estudo ia pasando e os meus conhecementos ou habilidades para escrita, pois também, como é lógico. E eu sempre lhe dava uma mau a aquelas memorias da morte do Carlos para  assim estarem  presentes nos meus cadernos literarios. Estes foram-me acompanhando com diarios, recortes de imprensa etc. E tantas outras cousas neste itinerario da mina vida que foi tão variado. Uma mágoa sempre me atrapava o reler os papeis. Não tinha mais dado, parecía que a informação ficara já rematada, as vicisitudes da mina vida e o alonxamento da vida de Baltar, tal vez me privassem de mais informação que a mim por ser o fim e o cabo um estrano não me era confiada. Para os que não somos auténticos moradores das nossas aldeias sempre temos o complexo ou como a eiva de que a misterios e cousas que não se nos comunicam, que há um misterio de comunicações as que nos os de fora ou os de paso não temos acesso. Tal vez sejam só sensações o mito, não sei. O caso é que não quería ou não tinha faculdade para fabular, sempre me gustou mais o ensaio ou o relato real que o romance inventado para o que sempre pensei não tinha capacidade o tempo que sempre admirei e admiro os que consiguem criar esas obras tão maravilhosas a partires só da sua fantasia.

Aquel  meninho ainda,  filho do Garda Forestal e o maior dos tres irmãos ficou moi impressionado do que viu e coa intensidade coa que o viviu. Por isso tinha que ser ele o que narra-se os factos como os viu e sentiu e que despois tantas vezes na suas horas de estudante intentou deixar escrita da sua experiencia. De rascunho em rascunho um dia quedou escrita até que ficou olvidada até aquí chegou a narraçao . Agora saiu do recordo e  aquel pequeno curioso investigador hoje é  Capitám de Infantería, recem ascendido,  o capitán Manuel Folgoso  destinhado de forma temporal no “Cuartel General del Ejército” em Madrid. De como cheguei até aquí pouca explicação merece nem importancia tem para historia que estamos a narrar. A vida foi como foi e aquí estou.

     O que sim foi importante é que as circunstancias de estar aquí forom as que me levaram a voltar coa mente a  aqueles anos e tirar dos meus papeis para encontrar os meus recordos da  morte do chófer da Línea.Para entender-nos em linguagem jurídico:a causa estaba já fechada embora o aparecerem circustâncias extraordinarias voltou-se a reabrir o caso.   Uma circunstancia casual e extraordinaria fai-me  voltar o ano 65 e tirar de novo de  recordos,  e também do misterio que eu intuim sempre tras todo aquilo. Sempre tuvem a teima de que algún día, se for posível, eu tinha que saber a verdade. O acaso, a sorte, ou quem sabe o que, conseguirom que poda voltar a reabrir o caso do Carlos e saber os porqués e a verdade do que passou naqueles anos. Pouco a pouco eu de ir-vô-lo contando, de vagar é precisso deixar-se ir pelos acontecementos e pola memoria. Só vos pido pacencia e comprensão, como quem anda a desfolhar  espigas de milho. 

     No meu novo destinho estou encomendado o  departamento de persoal. Plantilhas, vacantes, números de persol, destinos etc. Ocupam o meu tempo de forma temporal a espera dum novo destinho em alguma unidade operativa, como corresponde a um capitán ainda novo. Nos cometidos de auxiliar o mando tenho que dar os meus superiores os números e o estado de membros da Garda civil com destinos no exército. Em fim, burocracia administrativa. Uma vez o mes era habitual que os meus superiores se reunisem co General  de Brigada  jefe de persoal da Garda Civil que se deslocava até alí para falar, partilhar e fazer um pouco de convivio emtre colegas. Então eu vim pasar diante de mim pelo estreito corredor que ia dar o quarto da reunião na que eu também ia partilhar, o general da Garda Civil Folgoso Quintana.

      Alí estava ele. Sem duvida era ele, os apelidos eran os mesmos e a sua figura não mudara moito. Estava ante aquel  capitám Folgoso que os tempos foram levando a estar alí diante de mim e eu diante dele.  Aquele mozote alto de bom porte, aquele sorriso habitual, a sua tranquilidade que desprendia o seu redor placidez e confiança, continuava. Seguía sendo  delgado, ainda hoje era um homem de bom ver. Andara pelos cinquenta e e oito,está já no final da sua careira en actvo.  O Cabelo já  branco, ainda com  um porte moito mais elegante que a grande maioria dos generáis que conheço. Estava alí mas tinha ese ar das pessoas que não se fazem notar  e ainda que fosse general,criava o seu redor um ambente que provocava o protagonismo dos outros qu alí estavam, que ainda subordinados na jerarquía, sem dar-se conta atuavam e falavam descontraidos num grau de confiança e expressão no que ele  também desfrutava. O respeito e admiração dos outros já o tinha só pela sua patente  que é o topo a conseguir na carreria dum militar.

Fizeram-se os saudos de rigor, antes do comezo da reunião entre todos e por parte do meu Coronel jefe fixo-se uma menção especial pra mim pela novidade que significava.

-    Mi general, como novedad, nos acompaña el Capitán Folgoso. Que por lo que se ve tiene tu mismo apellido y por encima es gallego como tu. Assim fui presentado no tuteo entre general e Coronel o que dava um nível de confiança entre eles e quería denotar uma sinal de companheirismo mais lá da estatus jerárquico.

-    Ah, um placer capitán.-respondeu o  general-  No somos muchos con este apellido , así que lo bueno escasea por lo que se ve, jaja. ¿De que parte de Galicia es?.

-    De la provincia de Ourense, un pueblo de la zona de Xinzo de Limia.

-    Ah, hombre, pues yo soy de Celanova, así que somos paisanos. Me alegro, um placer.

   Com estas palavras tão amables trocamos um intre das nossas vidas. Para ele eran novedosas mas para mim pareciam-me familiares. A reunião continuou  coa  normalidade habitual depois dos cotexos administrativos correspondentes e uns comentarios sem trascêndencia e despois de emplazar-nos para uma nova reunião no final do seguinte mes, todo rematou e cada um seguiu o seu caminho. Uma rutina sem trascendência.

Noutra ocasião o encontró persoal já se deu de forma espontánea e buscada pelos dous. Ele ofreceu-se a tomar um café comigo chamandome tocayo e coa curiosidade de sermos os dous galegos e termos o mesmo apelido. Assim foi e na cafetería de oficiais no proprio Cuartel General tomamos e falamos  um bocado, ainda que o lugar não da muito para a intimidade, pois ele pasou mais tempo dando cumprimentos a generales e coronéis que andavam por alí que outra cousa.

-Bueno y que tal te va por aquí. Preguntou-me

-Muy bien, aunque este destino no me gusta mucho y tampoco es interesante para mi en este momento. Ha surgido porque por ascenso me mandaron forzoso y espero que al pasar el año pueda volver a una unidad operativa que es lo suyo en este momento. Y Madrid me gusta mucho, eso si, para un soltero es una ciudad ideal, supongo que para una familia será todo más incómodo.

-Ah claro. Será por eso que estoy soltero- continuou a falar o general- porque llevo casi prácticamente toda la vida aquí  en Madrid, excepto de comandante que por estar un poco en mi tierra estuve cuatro años destinado en Ourense en la comandancia. La tierra tira, eso si y  a medida que pasa el tiempo siempre tuve la ilusión de volver y vivir allí. Cuando pase dentro de dos años o  menos a la reserva me iré a vivir para el pueblo y  en temporadas para Ourense capital. Al fin y al cabo no he hechado raíces personales en Madrid, estoy soltero y mi familia cercana está toda allá, así que uno tira para donde tiene su nido, como dicen.

 O café rápido e a conversa protocolaria  estavam a punto de rematar e eu não podía deixar a ocasião para dar a conhecer o nosso pasado.

-Disculpe mi general, pero tengo una inquietud y quiero planteársela. Yo no soy del mismo Xinzo de Limia, realmente soy de un pueblo cercano, de Baltar.

-O general riu e dixo:

-Entre gallegos nos entendemos, necesitamos varias conversaciones para saber el lugar exacto de donde somos. Me pasa siempre, y  suerte que seas del mismo Baltar, porque si no tendríamos que ir desentrañando nuestro auténtico lugar poco a poco. Es normal nuestra tierra tiene tantos lugares y tan diseminados que si decimos el lugar pequeño tendríamos que ir explicando después los pueblos grandes que hay alrededor sino pues no sabrían ubicarnos. Los gallegos lo entendemos bien, eso, lo malo es cuando se lo explicas a un madrileño.

-En este caso, te diré que conozco Baltar, estuve hace muchos años y es un pueblo grande, de los que entre gallegos se puede nombrar directamente, eso si para un madrileño hay que empezar por Xinzo, como hiciste tu.

-Así es. Ya estamos acostumbrados,  a todos nos pasa lo mismo. Ahora que dice que conoce Baltar, me ratifico en lo que estaba pensado que cuando era pequeño tengo el recuerdo de haberlo visto a usted en el pueblo cuando había habido un suceso muy importante, el asesinato de un chófer de línea, allá por el año 1965. Recuerdo que aparte del hecho en sí, causara mucha imprensión su presencia  allí, cosa a la que  no estabamos acostumbrados de aquella a ver diariamente las tres estrellas doradas de capitán en aquellos tiempos en un pueblo perdido de la frontera.

-Pues vaya memoria.- Anda que já choveu- respondeu  o general, e esta vez meteu uma frase em galego que sempre acerca mais o diálogo. Pues si, estuve allí en tu pueblo de capitán, pero tu serías un crio de aquella, Dios mio. Si hubo un asesinato  por parte de unos portugueses y me mandaron allí, pues de aquella estaba destinado en el Servicio de Información de la Guardia Civil. El caso es que recibimos una información  de la GNR, que es la Guardia Civil portuguesa, de que el asesinato , en fin, estaba en un expediente abierto de temas políticos y por eso fui hasta allí. Pero nada fue un cumplimiento pues el caso era  un tema de contrabando que quedó olvidado. Ya habrá prescrito todo aquello.

-Bueno si yo era muy pequeño- continuei a explicar-lhe- pero como por circunstancias yo  casi presencié el asesinato, pues lo vi muerto enseguida, me acuerdo de Vd. Allí en el pueblo y de como se movia y de lo que oía sobre las circunstancias. Ya sabe, cosas de afinionadillo a investigador. El caso es que siempre tuve curiosidad por saber más del tema, aunque vd. Me lo ha dejado más aclarado.

-Bueno- proseguiu o general- entonces podemos recordar viejos tiempos de las dos semanas que pasé en tu pueblo. No estaría mal.

-¿Conoces el Centro Gallego de Madrid?.- mira yo soy socio y voy mucho allí, hoy por la tarde, a eso de las siete, si te va bien, nos vemos allí y te invito a cenar y de paso conoces  a gallegos exiliados y morriñentos de Madrid, y seguro que quieren hacerte socio.

-Pues allí nos vemos y podemos charlar con más calma.

-Será un placer, mi general, allí estaré.

      E assim foi como nos despedimos,e acousa prometia, ainda que havia que andar com pes de beludo no que respeita a forma e a maneira de relacionarse. Sempre é um tema complexo que pode dar a equivocos e a vida vai ensinando e  dando a conhecer as diferentes personalidades que nos encontramos no caminho. Sempre cualhadas pela experiencia de cada um, a idade, a forma de ser coa que nacemos, o ambente familiar etc. Eu sei que sou moi explosivo nas primeiros contactos nas relações amistosas e não sempre é bom caminho, mas bem é o fracaso.Então devo tentar, como disse, ir com pes de beludo, nestes encontros amistosos. Tentarei de deixar que fale e me conte ele as suas moitas experiências, eu pouco tenho que aportarlhe, e assim tal vez consiga que se sinta agusto e satisfeito das charlas que tenha comigo.Esta primeira é tal vez a mais importante pois ele vai estudar-me e tirar as conclusões que poda reportar-lhe o me contato. Foi ele quem me invitou, obviamente, co qual a sua intuição não lhe deu malas vibracions acerca de mim, pois pelo contrario não me houvesse invitado a este encontró de tanta confiança. Deixemos que o tempo faga o seu labor, e atuemos com calma e humildade.Escoitar e falar o justo, parece fácil mas a mim sempre se me fixo difícil, pois ainda que seja com um general, a minha lingua gosta de sair a pasear e incluso custa-me moitas vezes por freio o meu frenesi falador.Como dizia o escritor: “soupesse eu calar, soupesse eu por freio a minha lingua…”. Esta bem termos boas intenções e tratar de viver na estoica preocupaçao  da correçao, embora o final a melhor escolha e sempre ser como um é. Ser natural e atuar como tal, o longo cada um é como é.