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miércoles, 16 de octubre de 2019

Notas Soltas. Los castigos divinos.


           Resultado de imagen de fotos castigo divino
Santander fue en la post-guerra una cuna cultural y burguesa de la época. Fue denominada la Atenas del Norte. Cito a Morán en su “el cura  los mandarines”. La verdad es que varias ciudades se consideraban  la Atenas de etc. Por considerar que todos tenía un alto nivel cultural de escritores, editores etc. Santander si lo demuestra Morán con datos y nombres que yo ni imaginaba que  eran de allí, aparte de Polanco, Aguirre, Pereda etc. Muchos como es lógico unidos a grupos religiosos tipo Opus Dei.


En el año 1941 se exhibió una película en Santander que  tuvo muchas protestas de grupos religiosos que dominaban la vida cultural y la política, entiéndase como tal el poderosísimo Gobernador Civil. La película era considerada licenciosa en cuanto al tratamiento de los escabrosos asuntos sexuales. Ríase Vd. Viendo hoy el tema como sería el problema para aquella España triunfante que había ganado una guerra y pasado una escoba profunda sobre costumbres, ideas y personas de pensamientos irregulares.
Ese mismo año 1941 Santander sufrió  un terrible incendio que dejó destruida la  ciudad.

    ¿Tiene esto algo que ver?  ¿A dónde vamos? 
No tendría nada que ver. Excepto si uno de estos grupos religiosos con influencia social y política en la ciudad, hacía predicación y pedagogía de que la relación causa-efecto de la película y el incendio eran evidentes. Que la mano divina había utilizado  el mal contra aquellos que habían utilizado la blasfemia y el pecado. Vamos que Dios se había enfadado, pero bien. Ellos pescaban en aguas favorables porque antes habían hecho causa contra el filme y amenazando con la ira divina.   
   
      Pero esto viene a cuento porque es para mí un “dejá vu”, de algo parecido que encontré en la historia de Portugal. Me explico. En la historia de Portugal existe un personaje muy importante y controvertido (aunque no sé por qué). Estoy refiriéndome al Marqués de Pombal. Pombal era el jefe de Gobierno del Rey José I creo que era. Nos situamos en el siglo XVIII. Era masón y anticlerical o al menos no mea pilas.No se llevaba muy bien con la Iglesia, como es lógico y menos con los Jesuitas que tienen en ese  una gran influencia en la monarquía lusa y en el vaticano. Los Jesuitas son la orden religiosa que  trabaja directamente para los intereses del Papa de una manera especial y está antes por hacer valer al papado.

En esa época Lisboa sufrió un terrible  terremoto-Tsunami, que destrozó la ciudad. Los Jesuitas, especialmente el confesor de la reina, el padre Malagrida, extendían por todo Portugal que la causa del terremoto había sido el enfado de Dios por tener un masón de secretario real. Más tarde Pombal expulsó a los Jesuitas,  y también fue ejecutada una familia importante, los Távora, que hacían oposición al Rey y especialmente al Secretario Pombal.

    Por cierto Pombal sería una figura clave en la historia de Portugal, gran reformador y modernizador del País. Reconstruyó Lisboa y es obra suya toda la arquitectura y diseño de la Baixa lisboeta, hoy tan visitada y admirada. 

viernes, 24 de junio de 2016

LISBOA. PALAVRAS PARA UMA CIDADE. JOSÉ SARAMAGO

 que hacer en lisboa   

Voltou a mim por acaso iste texto de José Saramago que fez um ano partilhei no facebook, é foi este senhor facebook.  quem me recordou o tal texto. 
      Na época da net, e da informação à solta, vale à pena repetir um texto ainda que seja de ano em ano, é bom relêr o bom ainda que tenhamos a sensação de que o que não é o último ja não tem valor. 
     Gosto imenso do texto de Saramago, amém do trecho en negrinha que eu coloquei por razões obvias para um galego, por a sua descrição tão agarimosa ( como diriamos na Galiza), de quem tem na sua cidade um referente existêncial que o jungue a historia e a todos os lisboetas que  fizeram pedra a pedra tão bonita cidade. 
      Lisboa tem um algo que namora, que o estar nela sintes como estar em algo familiar e conhecido. Lisboa olha de frente o forasterio e  tira para ele um doce sorriso. 
       Sempre é um gosto  lêr quaisquer  escrita de Saramago  esta é uma carta de amor. 
Barrios de Lisboa, Torre de Belém

Palavras para uma cidade
Mexendo nuns quantos papéis que já perderam a frescura da novidade, encontrei um artigo sobre Lisboa escrito há uns quantos anos, e, não me envergonho de confessá-lo, emocionei-me. Talvez porque não se trate realmente de um artigo, mas de uma carta de amor, de amor a Lisboa. Decidi então partilhá-la com os meus leitores e amigos tornando-a outra vez pública, agora na página infinita de internet e com ela inaugurar o meu espaço pessoal neste blog.Palavras para uma cidade  Tempo houve em que Lisboa não tinha esse nome. Chamavam-lhe Olisipo quando os Romanos ali chegaram, Olissibona quando a tomaram os Mouros, que logo deram em dizer Aschbouna, talvez porque não soubessem pronunciar a bárbara palavra. Quando, em 1147, depois de um cerco de três meses, os Mouros foram vencidos, o nome da cidade não mudou logo na hora seguinte: se aquele que iria ser o nosso primeiro rei enviou à família uma carta a anunciar o feito, o mais provável é que tenha escrito ao alto Aschbouna, 24 de Outubro, ou Olissibona, mas nunca Lisboa. Quando começou Lisboa a ser Lisboa de facto e de direito? Pelo menos alguns anos tiveram de passar antes que o novo nome nascesse, tal como para que os conquistadores Galegos começassem a tornar-se Portugueses…Estas miudezas históricas interessam pouco, dir-se-á, mas a mim interessar-me-ia muito, não só saber, mas ver, no exacto sentido da palavra, como veio mudando Lisboa desde aqueles dias. Se o cinema já existisse então, se os velhos cronistas fossem operadores de câmara, se as mil e uma mudanças por que Lisboa passou ao longo dos séculos tivessem sido registadas, poderíamos ver essa Lisboa de oito séculos crescer e mover-se como um ser vivo, como aquelas flores que a televisão nos mostra, abrindo-se em poucos segundos, desde o botão ainda fechado ao esplendor final das formas e das cores. Creio que amaria a essa Lisboa por cima de todas as cousas.Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória. Memória que é a de um espaço e de um tempo, memória no interior da qual vivemos, como uma ilha entre dois mares: um que dizemos passado, outro que dizemos futuro. Podemos navegar no mar do passado próximo graças à memória pessoal que conservou a lembrança das suas rotas, mas para navegar no mar do passado remoto teremos de usar as memórias que o tempo acumulou, as memórias de um espaço continuamente transformado, tão fugidio como o próprio tempo. Esse filme de Lisboa, comprimindo o tempo e expandindo o espaço, seria a memória perfeita da cidade.O que sabemos dos lugares é coincidirmos com eles durante um certo tempo no espaço que são. O lugar estava ali, a pessoa apareceu, depois a pessoa partiu, o lugar continuou, o lugar tinha feito a pessoa, a pessoa havia transformado o lugar. Quando tive de recriar o espaço e o tempo de Lisboa onde Ricardo Reis viveria o seu último ano, sabia de antemão que não seriam coincidentes as duas noções do tempo e do lugar: a do adolescente tímido que fui, fechado na sua condição social, e a do poeta lúcido e genial que frequentava as mais altas regiões do espírito. A minha Lisboa foi sempre a dos bairros pobres, e quando, muito mais tarde, as circunstâncias me levaram a viver noutros ambientes, a memória que preferi guardar foi a da Lisboa dos meus primeiros anos, a Lisboa da gente de pouco ter e de muito sentir, ainda rural nos costumes e na compreensão do mundo.Talvez não seja possível falar de uma cidade sem citar umas quantas datas notáveis da sua existência histórica. Aqui, falando de Lisboa, foi mencionada uma só, a do seu começo português: não será particularmente grave o pecado de glorificação… Sê-lo-ia, sim, ceder àquela espécie de exaltação patriótica que, à falta de inimigos reais sobre que fazer cair o seu suposto poder, procura os estímulos fáceis da evocação retórica. As retóricas comemorativas, não sendo forçosamente um mal, comportam no entanto um sentimento de auto-complacência que leva a confundir as palavras com os actos, quando as não coloca no lugar que só a eles competiria.Naquele dia de Outubro, o então ainda mal iniciado Portugal deu um largo passo em frente, e tão firme foi ele que não voltou Lisboa a ser perdida. Mas não nos permitamos a napoleónica vaidade de exclamar: “Do alto daquele castelo oitocentos anos nos contemplam” – e aplaudir-nos depois uns aos outros por termos durado tanto… Pensemos antes que do sangue derramado por um e outro lados está feito o sangue que levamos nas veias, nós, os herdeiros desta cidade, filhos de cristãos e de mouros, de pretos e de judeus, de índios e de amarelos, enfim, de todas as raças e credos que se dizem bons, de todos os credos e raças a que chamam maus. Deixemos na irónica paz dos túmulos aquelas mentes transviadas que, num passado não distante, inventaram para os Portugueses um “dia da raça”, e reivindiquemos a magnífica mestiçagem, não apenas de sangues, mas sobretudo de culturas, que fundou Portugal e o fez durar até hoje.Lisboa tem-se transformado nos últimos anos, foi capaz de acordar na consciência dos seus cidadãos o renovo de forças que a arrancou do marasmo em que caíra. Em nome da modernização levantam-se muros de betão sobre as pedras antigas, transtornam-se os perfis das colinas, alteram-se os panoramas, modificam-se os ângulos de visão. Mas o espírito de Lisboa sobrevive, e é o espírito que faz eternas as cidades. Arrebatado por aquele louco amor e aquele divino entusiasmo que moram nos poetas, Camões escreveu um dia, falando de Lisboa: “…cidade que facilmente das outras é princesa”. Perdoemos-lhe o exagero. Basta que Lisboa seja simplesmente o que deve ser: culta, moderna, limpa, organizada – sem perder nada da sua alma. E se todas estas bondades acabarem por fazer dela uma rainha, pois que o seja. Na república que nós somos serão sempre bem-vindas rainhas assim.José Saramago
   Lisboa