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sábado, 7 de agosto de 2021

As moscas e a estrumeira

    

É posível dizer tanto, tão bem coa brevedade precisa e o rumo direto? Sim, Rentes de Carvalho, no "tempo contado" fai-no  a diario,  deixa pérolas a cotio. Sera esa a razão pola que o leio e o sigo. Sera.

As moscas e a estrumeira

 

Para quê tanto berro? Que querem vocês? Que adianta esse atirar de lama e insultos? Gritam que governe quem governar nada mudará, só as moscas serão outras. Pensaram bem? Então nestes anos todos escapou-lhes que as moscas são sempre as mesmas e cresce a estrumeira onde elas engordam?

Por que esperam? Um redentor? Já não há. Revoltas e revoluções também não. Aliás, é sempre melhor que as faça quem sabe, pois das dos amadores resulta o que temos. 

Berram vocês na internet, exigindo mudanças e melhorias, mas a internet não é praça pública, nem tribuna, nem sequer o café. É um nevoeiro. E um blogue poderá dar-vos a ilusão de ser trombeta, mas nem chega a apito, é um murmúrio.

Passam por lá dez, cem, mil visitantes? Dois mil? Pois passam. Espreitam, farejam, lêem umas linhas, esquecem, os mentecaptos – linda palavra doutro tempo – aproveitam para vomitar ódio nos comentários. Parece movimento e é só vento. Uma pequenina, triste, por vezes cómica sarabanda, diversão púbere, mau grado as doutas e menos doutas análises políticas, económicas, sociais, as profecias de desastres e misérias que não se levam a sério. Porque é só falação, entretenimento, a aragem a fingir de ciclone.

Mas a realidade – contenho-me para não dizer, a triste realidade – é que o tempo passa. O meu já passou, mas vocês têm quê? Vinte e cinco? Trinta? Quarenta anos? Na força da vida e sem genica, sem ideal, sem sonhos, apenas aos berros de que isto está mau e vai piorar?

Ninguém vos ouve, os vossos berros nem sequer fazem eco.

 

jueves, 22 de abril de 2021

Tempo Contado.

    


TEMPO CONTADO.

sexta-feira, abril 16

O meu último desejo

Tenho-o ouvido a vida inteira e aprendido com a História: nós, portugueses, somos um povo dócil, afável, manso,  humilde, carinhoso, obediente, respeitador das hierarquias, crente, sofrendo em silêncio, esperançado em amanhãs de melhoria, e que mesmo quando a carga é demasiada "aguenta, aguenta", como pontificou o conhecido banqueiro.

Talvez porque não é muito o tempo que me resta de vida, mais fundo se torna o desejo que tenho de antes de morrer ver o meu povo sacudir a albarda.

     (Rentes de Carvalho, no Tempo Contado. )

jueves, 31 de octubre de 2019

Notas soltas. Os blogs já não contam.

  

Eu já escrevi sobre isto, ainda que na minha reflexão  misturava  mais  sentimentos. 

    Os blogs tiveram numa altura grande presença como força de comunicação  e foram aproveitados também pela propaganda política que não perde ocasião para estar lá ou cá onde puder encontrar uma fenda para estar e fazer-se ver.  Hoje a coisa anda mais  pela frase curta e a mensagem fresquinha da manha que já se fai caduca de noite.  Tudo anda muito depressa.

    Para quem não tem  mais pretensões, com um blog,  de  falar  mais aló da  janela da casa para  que se por um acaso anda alguém na  rua, não é problema que o sentir geral não se sinta seduzido pelos blogs. Eu berro ou canto para fora ainda que não haja ningúem, embora sabendo que sempre alguém há. De maneira mais  clarinha e curta, o maestro Rentes de Carvalho reflexiona numa nótula no seu "Tempo contado" sobre a relevancia ou não dos blogs. Faço minhas as suas palavras, e resalto que um blog é , além de outras particularidades, uma benção e saúde para o proprio blogueiro.

      O objectivo não é convencer a ningúem, coisa por outro lado imposível normalmente. Tal vez seja o objectivo falar, divertir-se, ir o ginásio do espíritu,  dizer coisas, guardar outras que aparecem, escutar, dar ouvidos o que anda por ahí. Em resumo comunicar por si há alguém alguma vez doutro lado e sentir num instante  a constância  e a persistência do pedreiro e o prazer do lavrador na sementeira. 

  Imagen

  (fornecedores)

Do tempo contado. 

 

sexta-feira, outubro 25


Nótulas (17)


Li que os blogs já não contam, são uma velharia inútil, e mesmo que haja por aí à volta ou mais de quinhentos milhões nada justifica que de maneira activa ou passiva se perca tempo com eles. Assim será, cada um sabe de si e Deus sabe de todos, mas no que me toca este blog tem sido uma bênção, pois me tira da rua, e da mesma maneira que alguns vão para o ginásio treinar o corpo fico eu por aqui na doce ilusão de que treino o cérebro, apuro a prosa, ainda por cima com o benefício de que há gente que por acaso ou razões suas entra por esta porta e se dá ao trabalho de espreitar.

Saibam esses que do coração lho agradeço, e que quando me sinto em baixo venho dar-me a ilusão de com eles converso. Certo é que alguns sintomas nada auguram de bom, e creio que já noutra altura escrevi algo parecido com isto, mas também é verdade que enquanto o pau vai e vem folgam as costas.

 ........

PS. Felizmente nunca bebi em excesso, mas ultimamente tenho andado a ler sobre a síndrome de Korsakov e pergunto-me se a curiosidade pode levar ao contágio.

domingo, 29 de septiembre de 2019

Notas Soltas. Cada um é como é.

    
Sharon Stone
  O Tempo contado,
 Deixanos  neste  post um desabafo pessoal que calquera gostaria de escrever. 

      Porque ainda que  não seja verdade, todos achamos que somo avessos a aceitar ordens, incapazes de entrar no rebanho e teimosos em pensar pela própria cabeça.  Ninguém que eu conheça se definir sumiso e  gostoso de  andar no rebanho, embora  há rebanhos.


Porque sou assim: avesso a aceitar ordens, incapaz de entrar no rebanho, teimoso em pensar pela própria cabeça, sem talento para seguir modas ou tendências, mas com gosto para remar contra a maré e não sofrer que me empurrem para onde não quero ir, certo também de que mais vale andar só do que mal acompanhado.
É essa a minha maneira de ser e o meu destino, mas graças ao Altíssimo, aos que são feitos da mesma massa e aos que me querem bem, há muito ganhei calo, não me faz mossa ter má fama nem me aflige não pertencer aos bem-pensantes ou aos justos das várias fés.
Vem isto a propósito dos seguidores deste blog, que foram crescendo às centenas para de súbito, por certo resultado da minha má fama, também às centenas terem deitado a fugir. Dois meses atrás, como há três anos, continuavam a ser quinhentos e oitenta, até que se súbito me alegro com quatro seguidoras a mais, a quem dou aqui as boas-vindas, embora desconheça se devo a sua presença a um interesse, ao acaso, ou à remota possibilidade de que o período da minha má fama esteja a chegar ao fim do prazo de validade.
 
 
E agora sería bom ponher o homem de leme de xutos. video. 
https://www.youtube.com/v/=BWZZ2XtzSwc
Sozinho na noiteum barco ruma para onde vai.Uma luz no escuro brilha a direitoofusca as demais.
E mais que uma onda, mais que uma maré...Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,a vida é sempre a perder...
No fundo do marjazem os outros, os que lá ficaram.Em dias cinzentosdescanso eterno lá encontraram.
E mais que uma onda, mais que uma maré...Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,a vida é sempre a perder...
No fundo horizontesopra o murmúrio para onde vai.No fundo do tempofoge o futuro, é tarde demais...
 

sábado, 23 de enero de 2016

A vida, como Clausewitz




As tantas razões que nos prendem a língua. O que calamos por medo, tibieza, cobardia, mas também por caridade, outras vezes respeito ou desencanto, a perguntarmo-nos como depois somos capazes de sorrir com tanta naturalidade, em vez de se nos ourar a cabeça e o entendimento.
Ouve-se dizer que a vida é teatro, e assim fosse, mas está longe de sê-lo. A vida é campo de batalha, com lutas corpo a corpo e golpes de baioneta, granadas a explodir, sabotagens na cozinha, na sala, na cama de casal.
Descreiam os que ainda não assistiram nem participaram, mas também a esses chegará a hora de calar, como hão-de aprender que a serenidade do dia-a-dia é cortina de fumo a esconder ataques e contra-ataques, nada contam os armistícios, as tréguas para recolher feridos e estropiados, os acenos de bandeiras brancas.

A vida, como Clausewitz o diz da guerra, é o domínio do esforço físico e do sofrimento.

sábado, 19 de diciembre de 2015

Barca d'Alva



"Barca d'Alva, 4 de Agosto de 1968, domingo à tarde. O comboio da RENFE acaba de chegar. Locomotiva caduca, carruagens de madeira. Fumo de carvão, silvos, barulho de ferros, barulheira de gente. Carabineiros de tricórnio. Um mundo de portugueses que vêm de França, apinhados, mortos de sede, queimados do sol, presentes ricos em caixas de luxo, malas de cartão, guitarras que ninguém toca, crianças crescidas do leite que aqui não beberiam. Gritaria. Risos. Vivas. Acenos.
Deus ajude os que foram em busca de pão, fugindo da terra-mãe onde o padrasto atirou o património água abaixo. Em nome de quê? Da defesa da Fé, da Família, e dos padrões na costa de África.

De um lado meia dúzia de calhaus, dez milhões de almas do outro, mais os que no meio tempo morreram de fome."







  Fonte:   Tempo contado.   Rentes de Carvalho.